“Bela é multi- artista. Arquiteta e seu estilo é bem único e contemporâneo. Ela mixa o regional do recôncavo (sua origem) com as artes plásticas contemporâneas. Ao mesmo tempo em que é plural e sabe muito do regional, como uma verdadeira Artista visual, Bela é incrível.”- Danilo Cardel, (artista visual) sobre a sua amiga e colega Isabela Seifarth.
Nesse período de isolamento Social conversei com Isabela Seifarth, bisneta de alemães e com origem também no recôncavo baiano, taurina, soteropolitana e é formada em arquitetura na Universidade Federal da Bahia desde dezembro de 2016. Cursa atualmente graduação e mestrado na EBA (Escola de Belas Artes) da mesma instituição. Apreciei o trabalho de Isabela expostos no MAFRO(Museu Afro-Brasileiro) e admirei muito sua arte. A entrevista foi uma conversa maravilhosa por vídeo, em que Bela se demonstrou muito á vontade e aberta para responder as perguntas, suas mãos estavam manchadas de tinta, e ela tinha acabado de pintar alguns quadros. Confira a entrevista:
Taís Veloso: Como multi-artista você pode falar um pouco sobre essas artes que você realiza?
Isabela Seifarth: Na verdade, as pessoas quando olham pro meu trabalho a princípio, se forem enxergar como “uma linguagem” enxergam como “Isabela pintora”, mas eu tento traduzir meu trabalho de outras formas que não seja apenas bidimensionalidade, é interessante poder transformar o trabalho em vídeo e o imaginar em movimento. Meu trabalho envolve um pouco de história, recôncavo, cultura popular e um pouco de ficção dentro do real.
Taís Veloso: A arquitetura veio antes de Belas artes ou na infância você sonhava em ser “Isabela, a artista visual”, “ Isabela , a pintora” ?
Isabela Seifarth: Eu nunca sonhei em ser pintora, eu sempre pintei, na infância eu pintava uma vez por ano, eu fiz a faculdade de arquitetura e quando vi a arte já havia me tomado, eu estava sendo artista e seria assim.
Taís Veloso: O que você faz na arquitetura?
Isabela Seifarth: Trabalho com muitas coisas, hoje em dia é um luxo se concentrar em apenas um trabalho, gosto de fazer trabalhos como arquiteta, artista, design, expografias etc... Trabalhar com arquitetura é interessante porque se trabalha com diversas inteligências, ou seja, as articulações entre vários elementos que você precisa pensar ao mesmo tempo e isso acaba me conectando com a forma de pensar na pintura também. É um grande quebra-cabeça que vai se conectando, quando preciso pensar em um projeto eu penso no entorno, na volumetria, nas outras engenharias, e na arte seriam as histórias se articulando com os signos, composições entre outras coisas.
Taís Veloso: Quais são as suas maiores influências na arte visual e na arquitetura?
Isabela Seifarth: Eu bebo de tantos artistas que não consigo enumerar e nomear todos eles, eu posso falar de Thiago Martins de Melo, fui a uma exposição no Sesc Pompéia em São Paulo em 2018 que mudou a minha forma de enxergar a arte. E é claro que existem muitos artistas amigos que estão no meu cotidiano que sempre converso e acabo sendo influenciada, é uma lista grande. Na arquitetura tenho como grande referência a Lina Bo Bardi, e ela foi uma arquiteta que sempre esteve muito articulada com a arte e seus acervos.
Taís Veloso: Você tem religião?
Isabela Seifarth: Não, mas tenho respeito por todas.
Taís Veloso: Quais são suas ambições para o futuro?
Isabela Seifarth: Difícil dizer, eu acho que a quarentena me ajudou a rearticular essas ideias sobre o que eu penso para mim. Eu penso que a arte sempre vai estar na minha vida, de alguma maneira. Mas a ambição da minha vida é ser feliz e ter saúde, estabilidade vivendo do meu trabalho e continuar estudando sempre!
Taís Veloso: Como é o ambiente no seu processo criativo?
Isabela Seifarth: Música sempre e muita luz é fundamental para começar, dentro das artes visuais, o fazer da pintura é um fazer muito solitário, e a música ajuda a preencher este espaço. Gosto muito de escutar Caetano, Tom Zé, Chico César, Sergio Sampaio, existe uma lista grande!
Taís Veloso: Você também é professora? Qual a sua visão sobre a arte nas escolas?
Isabela Seifarth: Não, eu já lecionei como monitora em três disciplinas na faculdade de arquitetura. Eu gosto de contar histórias e acho que professor tem um pouco disso. Ser professora é uma das minhas ambições para o futuro.
Eu acho que a arte tem que ser o espaço para os alunos se descobrirem, um espaço para o aluno pensar, mover a mente. Se as escolas tivessem a verba e o tempo para acoplar todas as artes: a literatura, as artes visuais e a música seria muito importante.
Instagram @belaseifarth
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